A existência de um padrão de beleza não é algo novo e sofreu modificações ao longo do tempo, de acordo com fatores históricos e culturais. Mas a ditadura imposta pela moda sempre fez com que as mulheres buscassem o corpo ideal. Esse ¨ideal¨ é relativo, cultural, cada povo e cada época tem o seu.
Na pré-história, por exemplo, o conceito de beleza feminina estava fortemente ligado com a questão da reprodução. As mulheres com seios fartos e ¨ancas¨ volumosas eram as preferidas, por passarem a ideia de que eram mais preparadas para gerar filhos.
Mulher de Willendorf : a estátua esculpida há mais de 22 mil anos retrata o corpo ideal da mulher.
Juventude, corpo esbelto, traços finos e alongados era o ideal de beleza dos antigos egípcios (algo muto similar aos dias atuais). Esse padrão é muito bem demonstrado no rosto da Rainha Nerfetiti, que viveu há 3400 anos. O rosto dela personifica a beleza, o poder e o divino.
Busto da Rainha Nerfetiti
O ideal de beleza grego era caracterizado por medidas harmônicas e proporcionais. Nessa época, foi criada a Vênus de Milo, um símbolo do padrão grego. A harmonia de proporções era a síntese da beleza ideal.
Vênus de Milo
Esse ideal da beleza da Grécia de proporção e harmonia mantém-se por algum tempo, até a Idade Média. O corpo era o reflexo da beleza divina. A mulher era considerada fonte de pecado e o corpo passa a ser negado. Mas ainda assim há registros de que a mulher considerada ¨ideal¨ tinha pele branca, olhos negros, seios pequenos, face corada e barriga levemente saliente (a ideia de maternidade era muito valorizada). A personificação desse ideal é a imagem da própria Virgem Maria. Algumas mulheres usavam enchimento na barriga. Um grande contraste com a realidade deste período, onde a população sofria com a fome e era assolada por doenças.
A beleza pura da Virgem Maria: ideal perseguido durante longo período histórico.
No período renascentista o padrão de beleza da mulher estava extremamente relacionado a riqueza e a vida ociosa dos ricos. Somente as ricas tinham acesso a uma boa alimentação, e as mulheres gordas eram as mais admiradas.
Renoir, A banhista. Período Renascentista.
A partir do século XVII, o ideal de beleza feminino sofre grande transformação, passando a exigir formas mais delicadas. A cintura, maior objeto de desejo, tornou-se cada vez mais fina através do uso de espartilhos. No século XVIII, ressurgem as formas naturais e estas foram valorizadas durante um curto período de tempo. O espartilho foi quase abandonado. Pouco tempo depois, os espartilhos voltaram com um novo material, barbatana de baleia, o qual permitiu maior flexibilidade ao material para que a cintura fosse mais pressionada.
O uso de espartilho, muito contestado pelos médicos da época.
As formas mais avantajadas, com mulheres gordinhas e face corada ganharam novamente destaque na burguesia do século XIX. A Revolução Industrial acentuou as diferenças entre classes sociais e colocou em destaque, no século seguinte, tudo o que provinha da riqueza, recuperando o ideal renascentista de beleza. O corpo desejado era o que tinha forma de ampulheta. Para adquiri-lo, as mulheres utilizavam espartilhos cada vez mais apertados.
A mulher do Neoclassicismo, retorno de formas avantajadas.
O século XX transformou os antigos costumes. As mulheres começaram a explorar mais o próprio corpo, recuperando o ideal de boa forma. A transformação cultural ocorrida na década de 1920, trouxe a emancipação feminina. Os espartilhos foram substituídos pelo sutiã. Neste período, Coco Chanel revolucionou o conceito de beleza feminina, introduzindo saia na alturas dos joelhos. A silhueta feminina ficou mais fina, sem muito destaque para a cintura.
As roupas em 1920 eram mais soltas, seios, a cintura e o quadril tinham medidas semelhantes
O início dos anos 1940, marcado pela Segunda Guerra Mundial, trouxe formas masculinizadas, entrando em voga os ombros largos. Entretanto, com o final da guerra, a cintura voltou a afinar, tendo Marilyn Monroe como ícone da beleza feminina.
Marilyn Monroe revoluciona o conceito de beleza feminina.
O movimento hippie nos anos 60 / 70 trouxe a moda do corpo sem curvas e seios pequenos. As formas femininas tornaram-se apagadas. A magreza é incorporada ao ideal de beleza da época. Considerada a primeira Top Model do mundo, Twiggy Lawson dita um novo estilo.
Twiggy Lawson revolucionou o cenário fashion dos anos 60
A década de 80 vem marcada por novas formas. Surge a ideia do corpo feminino musculoso, muito bem representado pela cantora Madonna. A liberação feminina e a competição com os homens eram talvez as principais razões para esse novo estilo.
Madonna e seu corpo magro e musculoso.
Nas décadas de 1980 e 1990, as curvas femininas voltaram a ser valorizadas. Modelos como Luiza Brunet, Claudia Schiffer e Cindy Crawford, ganham destaque, mostrando uma aparência natural e saudável.
Luiza Brunet, Claudia Schiffer e Cindy Crawford e a beleza dos anos 80 / 90.
Mas ainda na década de 1990, a modelo Kate Moss surge como ícone, opondo-se à beleza considerada padrão dessa década e instaurando a ditadura da magreza. Ser magra passa a ser uma verdadeira obstinação feminina. Os casos de anorexia e bulimia nervosa tornam-se mais frequentes, e a beleza muitas vezes deixa de ser associada a saúde.
Kate Moss e a ditadura da magreza.
No século XXI, o corpo magro continua sendo almejado, porém curvas mais generosas marcam o novo ideal de beleza feminino. A Top Gisele Bünchen é um excelente exemplo desse novo conceito de beleza.
Gisele Bünchen, e a beleza do século XXI
Hoje também há destaque para um outro padrão de beleza, mais sensual: bumbum perfeito, quadril largo, pernas torneadas e seios avantajados, além de um corpo malhado. As próteses de silicone, cirurgias de lipoaspiração, e academias lotadas marcam esse novo momento.
Juju Salimeni representa um outro padrão de beleza dos dias atuais.
O padrão de beleza dos dias atuais divide-se entre o estilo ¨modelete¨, das mulheres altas e delgadas, das Tops internacionais, ainda perseguido por muitas e o estilo ¨malhadete¨ que vem surgindo na última década, de corpos esculpidos na academia. É claro que a mídia tem hoje um papel fundamental na imposição de tais padrões. Mas o desejo de fazer parte de um grupo tido socialmente como o ideal é que sempre permeou o conceito de beleza. Esse conceito, é evidentemente relativo. A história mostra. Ainda assim, a grande maioria persegue os padrões ditados pela sociedade, fruto de uma ideologia dominante. O belo pode ter inúmeras representações, de acordo com cada grupo e cada momento histórico. Entender esse contexto é o primeiro passo para que cada um busque seu próprio estilo, sem pressões, preconceitos ou modelos. Antes de qualquer coisa, é importante ser saudável e principalmente, ser feliz. Essa é a verdadeira essência da beleza.
Olá Sandra, seu blog me ajudou bastante em um trabalho para a escola sobre o modelo de beleza, peguei algumas fotos que você colocou nesta postagem... Adorei seu blog, essa postagem em questão é muito legal (: beijos
ResponderExcluirta mto bom esse texto,me ajudou mto no trab escolar
ResponderExcluirparabénss!!.
Renoir não é renascentista! Faz parte do movimento impressionista já no século XIX, ou seja, praticamente 3 ou 4 séculos depois do Renascimento.
ResponderExcluirOi, Paula! Obrigada pela visita. Você tem toda razão quando afirma que Renoir consagrou-se como um pintor impressionista. Talvez tenha feita uma escolha infeliz. Mas deve ser de seu conhecimento que o pintor aventurou-se em outras formas... No chamado período seco, buscou inspirações na Itália,viajou pelo mundo.... Uma forma de inspiração para buscar mais consistência em sua obra; tentou tornar-se um artista em grande estilo renascentista. As figuras de suas obras tornaram-se mais imponentes e formais, e muitas vezes abordou temas da mitologia clássica. O contorno de seus personagens tornaram-se mais precisos, formas desenhadas com mais rigor e cores mais frias. Depois disso, passou por um outro período (Iridescente). O quadro que usei para ilustrar o período renascentista (A banhista) é nitidamente resultado de suas mudanças. Se perceber os traços, não são característicos do impressionismo. De qualquer maneira, foi ótima sua colocação para que fosse possível explicar para aqueles que não conhecem... Beijo
ResponderExcluirSe tu quiseres colocar uma obra que represente bem o modelo de beleza renascentista e que seja do período, a que eu mais indico é o "Nascimento de Vênus", do Sandro Botticelli. Aquela lá é simplesmente perfeita e super conhecida!
ExcluirGostei muito do post, era exatamente o que eu procurava para o meu trabalho!
ResponderExcluirSeu site me ajudou muito! Tenho um seminário para a escola, e peguei algumas informações daqui! Obrigada!
ResponderExcluirMuito interessante. Embora a internet não se ligue muito em fontes e coisas mais formais, seria bom ter colocado as principais, caso o leitor queira checar ou se aprofundar. Parabéns!
ResponderExcluirSinceramente, tanto a "malhadete" cheia de silicone, quanto a "modelete" anoréxica de perna fina, são padrões esteticamente muito estranhos, talves porque muito extremos.
ResponderExcluirRecentemente li uma pesquisa muito interessante feita na Inglaterra perguntando aos homens entre 25 á 50 anos o que eles achavam de mais belo nas mulheres, sabe o que os rapazes responderam?
Feminilidade, ser feminina é a característica que os homens responderam ser mais atraente nas mulheres, se é loira, morena, ruiva, negra, magra, gorda, alta, baixa...tudo vem depois, de acordo com o gosto de cada um, mas ser feminina para os rapazes é o must.
Nós mulheres deveríamos parar de tanta nóia e sermos mais "Mulheres", ao invés de ficar querendo ser mais magra, mais alta, mais rica, ou seja lá o que for...Tentar agradar mais a nós mesmas e por conseguinte ao companheiro e não as amigas invejosas.